Quatro meses depois da Chacina de Pau D’arco, em 2017, policiais e sobreviventes participaram da reconstituição do crime. Na época, 16 agentes foram indiciados. Eles tinham ido à fazenda Santa Lúcia cumprir mandados de busca de 14 trabalhadores rurais – dez deles morreram.
Todos os policiais da operação continuam na ativa. E, há três semanas, Fernando dos Santos Araújo, que sobreviveu ao massacre e virou a principal testemunha, também foi assassinado. Ele esteve no programa de proteção a testemunhas, mas acabou voltando à fazenda Santa Lúcia.
A jornalista Ana Aranha, da ONG Repórter Brasil, está produzindo um documentário sobre a Chacina de Pau D’arco – que foi um marco da questão agrária no Brasil. “Ele estava com muito medo. Ele disse que estava recebendo recados dos policiais que fizeram a chacina”, diz a jornalista.
São do documentário da jornalista as últimas imagens de Fernando gravadas no começo de janeiro. Ele fala que foi procurado três vezes para mudar o depoimento que ele e outras testemunhas deram sobre a chacina.
“A terceira conversa foi lá em casa, eu estava lá vasculhando meu terreno e chegou o rapaz: ‘está sabendo da conversa que os caras querem vir aí falar com você?’. ‘Os caras? Quem são os caras?’. ‘Os policiais lá. Estão querendo se reunir para vir aqui falar com você para ver se dão uma quebra lá no tribunal’”, explica Fernando ao documentário. (G1 Pará)