Estado do Pará

Maio Laranja é tema de palestra na Alepa

O objetivo é conscientizar a sociedade sobre a necessidade de proteger as crianças e adolescentes contra o abuso e exploração sexual

Foto: Ozéas Santos (AID/Alepa).

Com o objetivo de conscientizar a sociedade sobre a necessidade de proteger as crianças e adolescentes contra o abuso e exploração sexual, a Assembleia Legislativa do Estado do Pará (Alepa) é uma das instituições apoiadoras da campanha alusiva ao “Maio Laranja”.

O Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual Infantil, celebrado anualmente em 18 de maio, data instituída em 2000, em referência ao caso Araceli, menina de oito anos de idade que foi abusada sexualmente e morta em 1973.

A Alepa promoveu nesta quinta – feira (05.05), em parceria com a Sociedade Bíblica do Brasil (SBB) e Ministério Público Estadual, Rede Protege Brasil/Viva, por intermédio do deputado Fábio Freitas, evento alusivo à campanha, que, anualmente, aborda o tema e chama atenção para os altos índices de casos de violência sexual infantil.

De acordo com dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Segup) entre 2019 e 2020, houve 366 crimes sexuais cometidos contra crianças e adolescentes no Pará, sendo 85 em Belém.

Durante o evento houve palestras, treinamentos e distribuição de cartilhas com o tema “ Amo meu Corpo, Amo minha Vida”, editadas pela Sociedade Bíblica do Brasil (SBB) para o público infantil e pré-adolescentes. Outra publicação distribuída é o guia de orientação para o  “Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes”, de autoria do Ministério Público do Pará.

O Presidente da Sociedade Bíblica do Brasil (SBB), pastor Casanova, destaca a importância das publicações para promover a conscientização da sociedade sobre o problema.

“Mais uma vez a Alepa abriu as portas para que juntos pudéssemos participar desse momento, em que trouxemos cartilhas criadas pela SBB que trata sobre a prevenção ao abuso e crimes sexual de crianças e adolescentes. Um dos nossos desafios é que a cartilha alcance todos os seguimentos e ajude a combater essa prática tão abusiva”, disse.

Para Fábio Freitas, apoiar ações de combate a esse tipo de crime fortalece os trabalhos de enfrentamento.

“A Alepa é parceira desse projeto e entende a importância de mais ações. Aqui nesta Casa protocolei projeto de criação da Frente Parlamentar contra o Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes e também a pedido do governador, fazemos parte do Grupo de Trabalho, para que pudéssemos colaborar nesse projeto e atender várias regiões, inclusive o Marajó. Esse apoio é importante para fortalecer a campanha e os trabalhos”, ressaltou.

O deputado é um dos defensores da causa no Parlamento Paraense e possui iniciativas que tratam sobre a temática, dentre elas o Projeto de Lei 373/2021, que estabelece medidas de proteção à criança e ao adolescente, a partir da aquisição de livros e artigos literários no Estado. Em 2019, trouxe para Belém a Frente Parlamentar do Congresso Nacional de Combate à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, evento que culminou em uma audiência pública na Alepa.

Segundo dados do Unicef, são registrados cerca de 180 mil casos de violência contra criança e adolescentes por ano no Brasil. As maiores vítimas são crianças do sexo feminino com idade de 10 a 14 anos, sendo que os meninos sofrem abusos mais cedo – na faixa etária de 05 a 09 anos. A maioria dos crimes cometidos é provocado por pessoas próximas e no ambiente familiar.

Na opinião da promotora de Justiça Mônica Freire, o medo em denunciar  e a falta de informação ainda são grandes desafios.

“Conforme pesquisa do Unicef o maior problema é subnotificação dos casos. A maioria dos casos envolvendo crianças existe o medo ou elas não querem se envolver e muitas vezes a própria vítima tem dificuldade em falar. Uma das frentes é fomentar a prevenção e discutir sobre a violência sexual em todos os ambientes para que as crianças possam entender que existe ali uma conduta violadora e comunicar aos adultos sobre a sua responsabilidade em denunciar”, orientou.

“Temos 1.350 processos na 1ª Vara no MP relacionados a esses crimes, mas os números poderiam ser maiores se houvesse maior notificação dos casos. Cerca de 10% dos casos não chegam aos órgãos de segurança. As pessoas precisam denunciar”, alertou.

Sobre os trâmites na Justiça, Mônica esclarece que, na capital, 95% dos casos em que o Ministério Público pede a condenação, o réu é condenado. Contudo, isso às vezes demora, já que o processo penal permite recursos e o réu tem direito à defesa.

O evento também fez referência à Lei Estadual n° 8.618/2018, que instituiu o ‘’Maio Laranja’’ com abrangência em todo o território paraense, para realizar ações educativas e de conscientização durante o mês visando o combate ao abuso e à exploração sexual infantojuvenil. O projeto nasceu de uma iniciativa popular e foi acatado pelos parlamentares.

De acordo com a Andréa Pereira Araújo, cientista política e coordenadora da RedeViva no Pará, instituição com sede em Oxford, na Inglaterra, que  promove a proteção de crianças e adolescentes em estado de pobreza e violação de direitos, a criação da legislação estadual é um instrumento de avanços em defesa da causa. Ela é uma das responsáveis pela apresentação da proposição no Legislativo Paraense.

“A lei traz avanços para que as atividades sejam realizadas durante o mês de maio e não apenas em um só dia. Um dia é muito pouco para atender muitas demandas. Essa lei ela simplifica o Maio Laranja e hoje as pessoas conseguem entender melhor. Conseguimos atingir, com as campanhas as igrejas que ainda têm muito tabu em falar do assunto, às escolas e associações e à população em geral”, afirmou.

Sintomas de alerta

As crianças e adolescentes quando sofrem de abuso ou violência sexual apresentam mudanças no comportamento, tais como: medos, agressividade, mudanças de humor, tristeza, isolamento, falta de concentração na escola, entre outros.

Canais de atendimento

– Delegacia Especializada no Atendimento à Criança e Adolescente (Deaca) e ParáPaz. Telefones: (91) 4009-6078 / 6080

– Delegacia de Proteção à criança e adolescente (DPCA). Telefones: (91) 3271-4399 / 3271-2096

– Conselho Tutelar

–  Disque 100 (nacional) ou 181 (estadual). As ligações são gratuitas e a denúncias são anônimas

Fonte: Alepa

 

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