Política

Frente ampla de Lula esbarra em programa de governo, ataques e antipetismo

Ex-presidente avança em plano de coalizão contra Bolsonaro, mas ainda precisa vencer resistências

Ex-presidente Lula.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) obteve avanços no esforço de construir uma frente ampla contra o presidente Jair Bolsonaro (PL), mas tem adiante obstáculos como desconfianças na área econômica, antipetismo, entraves partidários e um previsível massacre na campanha.

Hoje favorito da corrida presidencial, ele tem dito que não quer ser o candidato do PT ou da esquerda unicamente, mas de “um movimento” com alcance maior, incluindo forças sociais. Entra nessa conta a escolha do ex-tucano Geraldo Alckmin como vice, já apalavrada, mas ainda por ser concretizada.

As movimentações para convencer o universo político e o eleitorado de que seria o único capaz de liderar uma articulação que vá da esquerda à direita não bolsonarista envolvem também conversas de Lula com outrora rivais, como quadros históricos do PSDB, e líderes de partidos como de MDB e PSD.
Se no discurso petista o selo de candidato da unificação nacional já está grudado e não sai mais, fora das projeções otimistas —que martelam a possibilidade de vitória no primeiro turno— outros fatores se impõem.
Bolsonaro e aliados deixam claro que vão jogar pesado na desconstrução de Lula e seu arranjo. Falam em desenterrar escândalos de corrupção da era petista e explorar a derrocada econômica do fim do mandato da ex-presidente Dilma Rousseff.

“O Lula está escondidinho, mas vamos relembrar tudo o que ele fez no verão passado”, diz o deputado federal e vice-presidente nacional do PL, Capitão Augusto (SP). “Aliança em torno dele? Se fosse um nome diferente, até poderia se pensar. Mas a rejeição dele é muito alta.”
No cálculo do bolsonarista, a campanha desidratará Lula, mas não a ponto de tirá-lo do segundo turno. “E aí vamos ver. A esquerda ainda tem uma força no Brasil, mas nunca será a maioria”, afirma.

Na pesquisa Datafolha de dezembro, o petista teve taxa de rejeição de 34%, mesmo percentual de João Doria (PSDB), com quem empata na segunda colocação. Bolsonaro tem a maior, com 60%.
Na tarde desta segunda-feira (14), Alckmin se reuniu com o presidente do PV, José Luiz Penna, em São Paulo. O partido ofereceu legenda para que o ex-governador componha a chapa com Lula —a expectativa é que Alckmin escolha até o mês que vem entre se filiar ao PV, ao Solidariedade, ao PSD ou ao PSB, caminho mais provável hoje.

(Fonte: Joelmir Tavares – Folha de São Paulo)

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