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‘Para de ficar postando coisa de gente preta, de gay’, diz mulher em discurso em igreja; polícia abre inquérito

Vídeo viralizou nas redes sociais. Discurso tem recebido críticas de internautas e movimentos que defendem causas raciais e LGBTQIA+.

O vídeo da pregação de uma mulher em uma igreja evangélica de Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio, repercutiu nas redes sociais nesta segunda-feira (2) por conter críticas feitas a fiéis que defendem causas políticas, raciais e LGBTQIA+.

A Polícia Civil abriu inquérito depois de analisar o discurso de Kakau Cordeiro, membro da Igreja Sara Nossa Terra. Após a repercussão do caso, a mulher disse que foi “infeliz nas palavras”.

“É um absurdo pessoas cristãs levantando bandeiras políticas, bandeiras de pessoas pretas, bandeiras de LGBTQIA+, sei lá quantos símbolos tem isso aí. É uma vergonha, desculpa falar, mas chega de mentiras, eu não vou viver mais de mentiras. É uma vergonha. A nossa bandeira é Jeová Nissi. É Jesus Cristo. Ele é a nossa bandeira.

O delegado titular da 151ª DP, Henrique Pessoa, disse que há um “teor claramente racista e homofóbico, o que configura transgressão típica na forma do artigo 20 da Lei 7716/87”.

“De tal modo que a pena é de 3 a 5 anos com circunstâncias qualificadoras por ter sido feita em mídias sociais e através da imprensa. De tal modo que já foi instaurado inquérito policial pelo crime de intolerância racial e homofóbica, de acordo com a recente previsão do STF”, disse o delegado.

A Igreja Sara Nossa Terra informou que não irá se pronunciar. A igreja chegou a publicar o vídeo em seu perfil no Instagram, mas a página saiu do ar.

O compartilhamento feito pelo ex-deputado estadual Wanderson Nogueira (PDT) já teve mais de 18 mil visualizações e centenas de comentários com críticas ao discurso.

“Tenho certeza que esse não é o pensamento cristão. Machuca ouvir(…)”, disse o político em sua postagem.

A vereadora de Nova Friburgo Maiara Felício (PT) se manifestou em seus stories no Instagram.

“Um vídeo extremamente intolerante, dentro de uma instituição religiosa (…) A gente quer fazer um movimento gigante para mostrar que em Nova Friburgo a intolerância não vai reinar”, disse.

O Coletivo Negro de Nova Friburgo também divulgou nota repudiando a atitude. Veja íntegra.

“Nós do Coletivo Negro Lélia Gonzalez NF denunciamos, condenamos e repudiamos qualquer forma de discriminação contra a classe trabalhadora e realizada pela mesma reproduzindo a lógica da classe dominante que é racista, facista, lgbtfobica, eugenista, branca, heteronormativa, patrimonialista, patriarcal, branca, lascivos e cristãos. Não podemos dizer que todes cristãs tem comportamento e postura, como esta pessoa, porém não podemos ignorar que ela está expressando a hegemonia dominante. Não devemos naturalizar tais posturas, declarações sem que os órgão tomem devidas medidas, embora estes órgãos expressam interesses da classe dominante. Quando ela faz este ataque, e a todes que defendem o direito da classe trabalhadora que são majoritariamente negras, quando ela de forma superior, ela concorda com a morte da juventude negra, desaparecimento de nossas crianças, e naturaliza feminicídio incidentes nas mulheres negras trans e cia, ela naturaliza o primeiro lugar de morte de mulheres trans e travestis e nosso encarceramento em massa nas senzalas modernas. Racistas, genocidas, Eugenista, Lgbtfóbicos exploradores não passarão! Por uma sociedade onde a diversidade não seja instrumento de dominação e exploração”.

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