A corregedoria da polícia militar do Pará, apura a denúncia contra o Sargento Walmir Navarro, lotado no destacamento de Ourilândia do Norte, pertencente ao 36º batalhão PM/PA, sediado em São Felix do Xingu. Consta na acusação que o policial à paisana, embriagado, de arma em punho e com manifestações racistas, agrediu um adolescente de 15 anos. Com gritos de “neguinho” e golpes de coronhadas de revólver, Kauan Henrique Ataides Oliveira sofreu hematomas, traumatismo intracraniano e fratura no nariz. Após ser levado para exames no Hospital Regional em Redenção, ele se encontra internado no Hospital Municipal Jadson Pesconi em Ourilândia do Norte.
Camila Oliveira Santos, mãe de Kauan narra o ocorrido, ao lado do seu filho hospitalizado, acusando o sargento Walmir pelas agressões
O fato aconteceu na manhã desta terça-feira (3), no bairro JP, rua 8 – próximo à casa do policial acusado. A mãe de Kauan Henrique, disse que seu filho passava na rua, quando o policial, já de arma em punho, ordenou que ele parasse, o que foi obedecido, e que logo em seguida ele começou a bater em seu filho e quebrar a moto que ele estava. “Meu filho conseguiu fugir das agressões e me mandou mensagem pedindo socorro, imediatamente eu e meu esposo fomos para o local, quando chegamos lá, já tinha uma viatura da PM, que foi acionada pelo policial”, explicou a mãe do menor, Camila Oliveira Santos de 36 anos.
Áudio de Kaun para sua mãe pedindo socorro
A mãe conta que ao chegar no local, os policiais já foram para cima dela, de seu esposo e de seu filho, e que mesmo sendo visível os ferimentos em seu filho e o estado de embriaguez do policial, o mesmo foi protegido pelos policiais da guarnição que não o prenderam e apenas o levaram para a sua residência. “Eu e meu marido pedimos para o comandante da guarnição prendê-lo, mas ele não quis” disse a mãe.
Imagens mostram o policial discutindo com a mãe do menor e depois indo pra cima da tia da vítima e batendo no celular para impedir o registro do ocorrido
O pai do menor, foi obrigado a pilotar a moto até a delegacia, com um policial na garupa e uma arma encostada na sua costa. A mãe disse que também foi até a delegacia na esperança de ter o apoio da Polícia Civil, mas que mesmo relatando o ocorrido para a delegada Fabiola Vidotti, ela optou por apreender a moto e abrir um inquérito contra os pais do menor, por permitir que ele pilotasse a moto.
A mãe disse que, ela e seu esposo pediram a delegada Fabiola Vidotti que determinasse a condução do policial agressor, tendo em vista que estava em momento de flagrante, “mesmo vendo a situação que Kauan Henrique estava, a delegada preferiu não realizar a prisão”, disse a mãe. O A Notícia Portal, falou com a delegada Fabiola Vidotti, ela limitou apenas a dizer que “Está em segredo de justiça”, e em seguida desligou o telefone, se negando a responder o que lhe foi perguntado.
Para a reportagem do A Notícia Portal, o comandante do destacamento de Ourilândia do Norte, Coronel Sérvio, disse que o batalhão vai apurar as denúncias e que o Sargento Navarro já foi afastado do serviço de rua, estando atuando somente em serviços internos – até que os fatos sejam apurados. O processo na corregedoria militar está sob responsabilidade do Tenente Dílson. A reportagem tentou falar com ele, mas não foi possível localizá-lo.
RACISMO: A mãe de Kauan Henrique afirma que essa não é a primeira vez que seu filho é vítima do Sargento Walmir Navarro, e segundo ela, é por seu filho ser negro. Ela conta que no dia 15 de novembro – último, o Sargento acusado abordou Kauan em um posto de combustíveis, lhe chamando de ‘neguinho’ e lhe submetendo a constrangimentos. No dia seguinte ela foi ao quartel para saber o que o seu filho havia feito de errado, “O próprio Sargento Navarro foi quem me atendeu, ele disse que o garoto é negro, por isso foi abordado, e de forma ‘sarcástica’ ainda disse, ‘O Neguinho foi reclamar para a mamãe é’ ”, disse a mãe.
Por telefone, a reportagem do A Notícia Portal falou com o Sargento Walmir Navarro. Perguntado sobre a acusação que pesa contra ele, o mesmo se limitou a pediu para retonar o contato mais tarde, que ele iria passar para o seu advogado responder. A Notícia Portal (Especial da Redação)