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Lula volta a defender moeda única em reunião com chefes de Estado da América do Sul

Presidente sugeriu ainda a líderes dos 10 países sul-americanos presentes no encontro a utilização do BNDES para construção de uma poupança regional

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reúne com presidentes de países da América do Sul, no Palácio do Itamaraty
Marcelo Camargo/ Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a defender a criação de uma moeda unificada no Mercosul em reunião com líderes de países da América do Sul, realizada no Palácio do Itamaraty nesta terça-feira (30).

Em seu discurso de abertura, Lula elencou as propostas econômicas para o bloco. Dentre elas, sugeriu aprofundar a “identidade sul-americana também na área monetária, mediante mecanismo de compensação mais eficiente e a criação de uma unidade de referência comum para o comércio, reduzindo a dependência de moedas extrarregionais.”

Em complemento, considerou também “implementar iniciativas de convergência regulatória, facilitando trâmites e desburocratizando procedimentos de exportação e importação de bens.”

Além disso, o presidente propôs a utilização dos bancos de desenvolvimento como a CAF (Corporación Andina de Fomento), o Fonplata (Fundo Financeiro para Desenvolvimento da Bacia do Prata), o Banco do Sul e o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para uma poupança regional a serviço do desenvolvimento econômico e social.
“A América do Sul tem diante de si, mais uma vez, a oportunidade de trilhar o caminho da união. E não é preciso recomeçar do zero. A Unasul é um patrimônio coletivo. Lembremos que ela está em vigor. Sete países ainda são membros plenos. É importante retomar seu processo de construção”, disse Lula.
E completou dizendo que “ao fazê-lo, é essencial avaliar criticamente o que não funcionou e levar em conta essas lições”.
Entretanto, o mandatário pontuou que seria um erro restringir as atividades aos governos. “Envolver a sociedade civil, sindicatos, empresários, acadêmicos e parlamentares dará consistência ao nosso esforço.”
Lula afirmou que, “ou os processos são construídos de baixo para cima, ou não são viáveis e estarão fadados ao fracasso.”
Confira as propostas de Lula aos líderes de estados que estavam presentes na reunião:
• colocar a poupança regional a serviço do desenvolvimento econômico e social, mobilizando os bancos de desenvolvimento como a CAF, o Fonplata, o Banco do Sul e o BNDES;
• aprofundar nossa identidade sul-americana também na área monetária, mediante mecanismo de compensação mais eficiente e a criação de uma unidade de referência comum para o comércio, reduzindo a dependência de moedas extrarregionais;
• implementar iniciativas de convergência regulatória, facilitando trâmites e desburocratizando procedimentos de exportação e importação de bens;
ampliar os mecanismos de cooperação de última geração, que envolva serviços, investimentos, comércio eletrônico e política de concorrência;
• atualizar a carteira de projetos do Conselho Sul-Americano de Infraestrutura e Planejamento (Cosiplan), reforçando a multimodalidade e priorizando os de alto impacto para a integração física e digital, especialmente nas regiões de fronteira;
• desenvolver ações coordenadas para o enfrentamento da mudança do clima;
reativar o Instituto Sul-Americano de Governo em Saúde, que nos permitirá adotar medidas para ampliar a cobertura vacinal, fortalecer nosso complexo industrial da saúde e expandir o atendimento a populações carentes e povos indígenas;
• lançar a discussão sobre a constituição de um mercado sul-americano de energia, que assegure o suprimento, a eficiência do uso de nossos recursos, a estabilidade jurídica, preços justos e a sustentabilidade social e ambiental;
• criar programa de mobilidade regional para estudantes, pesquisadores e professores no ensino superior, algo que foi tão importante na consolidação da União Europeia; e
• e retomar a cooperação na área de defesa com vistas a dotar a região de maior capacidade de formação e treinamento, intercâmbio de experiências e conhecimentos em matéria de indústria miliar, de doutrina e políticas de defesa.
Moeda única
A criação de uma moeda comum para o Mercosul é um projeto ainda longe de se concretizar, segundo especialistas ouvidos pela CNN. As diferentes políticas monetárias dos países e a falta de órgãos controladores inviabilizam a realização deste projeto.
De acordo com o jurista Ives Gandra, é muito difícil essa intenção sair do papel na situação em que os países da região estão.
“Se compararmos com a Zona do Euro, as discussões para a criação da moeda única começaram lá na década de 50. Em seguida foram implantadas as zonas franca, de livre comércio, aduaneira e mercado comum. A partir daí, com um parlamento forte, foi criado uma comissão capaz de dirigir os trabalhos, além de um conselho e um tribunal europeu”. (A Notícia Portal/ CNN Brasil)

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