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“Apocalipse da internet”: tudo o que sabemos até aqui

Ciclo solar intenso vem levantando debates sobre as consequências de uma tempestade geomagnética e um "apocalipse da internet"

Representação artística de uma tempestade solar voltada para a Terra. Créditos: Artsiom P/Evgeniyqw – Shutterstock

No fim do ano passado, uma leva de rumores de que a NASA teria anunciado um suposto “apocalipse da internet” ganhou força nas redes sociais. Como explicou o Olhar Digital, tudo não passou de uma grande fake news que interpretou estudos de maneira sensacionalista. Entretanto, apesar de não existir nenhum “anúncio” do tipo, cientistas analisam e até criam planos de contingência caso uma tempestade solar de intensidade extrema cause consequências além do esperado no nosso planeta.

Essa alvoroço começou com um estudo de 2021, que revelou que além de afetar drasticamente redes elétricas e comunicações tradicionais, uma ejeção de massa coronal extremamente intensa também seria catastrófica para a internet global, que continuaria offlline mesmo dias depois da eletricidade ser restabelecida diante de um episódio do tipo.

Na história moderna, apenas três casos mais violentos foram registrados desde 1859, quando o “Evento Carrington” fez com que as agulhas de bússolas girassem descontroladamente (sinal de que uma tempestade solar forte afetou o campo magnético da Terra). Em 1929, um evento ainda maior, com três dias de duração, causou incêndio de média escala na Estação Grand Central de Nova York, derrubando também a rede de telégrafos da cidade.

Finalmente, em 1989, um evento moderado de ejeção de massa coronal derrubou a rede elétrica Hydro-Québec, no norte do Canadá, deixando a parte mais alta do país sem energia por aproximadamente nove horas. Jyothi argumenta, porém, que depois de mais de 30 anos sem um evento majoritário, é provável que um deles esteja em vias de ocorrer nos próximos anos.

Quais as chances de um apocalipse da internet?
O estudo liderado pela cientista Sangeetha Abdu Jyothi levou em conta um cenário extremo onde de fibra óptica estarão especialmente vulneráveis a um evento de ejeção de massa coronal de grande porte.

“O que realmente me fez pensar nisso foi a atual pandemia [da Covid-19], onde, com ela, vi o quanto o mundo não estava preparado”, disse Jyothi à WIRED. “Não havia protocolo para lidar com os problemas de forma eficiente, e o mesmo vale para a resiliência da internet. A nossa infraestrutura não está preparada para um evento solar de grande escala. Temos uma compreensão muito limitada de quanto dano pode ocorrer”.

De forma bem resumida, tempestades solares são erupções de gás altamente ionizado provenientes da coroa do Sol, que são carregadas até o campo magnético da Terra e derrubando por completo redes elétricas, de comunicação e estações do gênero, levando a blecautes de longa duração.

Segundo a especialista, o problema seria de escala global:
Estações de fibra óptica regionais estariam majoritariamente seguras;
Mas cabos oceânicos que atravessam continentes seriam os mais vulneráveis;
Uma tempestade solar afetaria esses cabos internacionais de internet, cortando o fornecimento de conexão na fonte.

“É como fechar o suprimento de água de uma casa quebrando o encanamento da rua”, ela exemplifica.

O motivo para os cabos submarinos serem mais vulneráveis ao “apocalipse da internet” reside no fato de que todos eles usam repetidores a variações entre 50 km e 150 km de distância percorrida. Esses repetidores amplificam o sinal dos cabos de fibra óptica, assegurando que nada se perca no caminho. Embora os cabos em si sejam maciços, o mesmo não pode ser dito dos repetidores, cujos componentes eletrônicos os tornam suscetíveis a uma tempestade solar.

Não há motivo para pânico
Especialistas apontam que uma interrupção generalizada da internet pode, de fato, ser provocada por uma forte tempestade solar que vier a atingir a Terra – um evento raro, mas muito real, que ainda não aconteceu na era digital.

Peter Becker, pesquisador da Universidade George Mason, em Fairfax, no estado norte-americano da Virgínia, lidera um projeto em parceria com o Laboratório de Pesquisa Naval dos EUA, que tem por objetivo desenvolver um sistema capaz de alertar a população cerca de 18 horas antes que as partículas solares cheguem ao campo magnético terrestre com potencial de causarem um possível “apocalipse da internet”. (Olhar Digital)

 

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