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CASO MISSIONÁRIA Durante julgamento testemunha revela que delegados forjaram confissão dentro do presídio


“Eu estava sentada na calçada da minha casa chorando, quando o policial civil Gonçalves chegou dizendo que tinha uma proposta do delegado Lúcio Flávio, que me levaria no presidiu para ver a minha irmã Elzilene e que iria tirar ela da prisão e também inseri-la no programa de proteção à testemunha, mas que eu teria que convencê-la a assinar um documento e que não era para eu chamar o advogado, então ficamos marcados para o dia seguinte às 14h horas irmos ao presídio”, disse Euziene Alves, irmã de Elzilene Alves, uma das acusadas – durante seu depoimento na sala do juri.
Ela relatou para juiz e jurados, que no dia seguinte no horário combinado, o investigador chegou na sua casa em uma camionete descaracterizada e mandou ela entrar na parte traseira do carro, que ao entrar, o delegado Lúcio Flávio já estava no banco traseiro. “Ele começou a conversar comigo, falando que minha irmã ia ser solta, que eu pudesse acreditar, ela só teria que assinar o documento que ele queria”, explicou.

Ela disse que ao chegar no presídio, o delegado Antônio Miranda, então superintendente de polícia civil da região Araguaia também já estava lá, “Eles disseram que eu tinha 15 minutos para convencer minha irmã e me colocaram em uma sala juntamente com ela; eu falei para minha irmã assinar o que ele queria, pois nossa família acreditou no delegado que ela seria colocada em liberdade; minha irmã não quis aceitar no primeiro momento, mas acabou sendo convencida por mim”, disse Euziene.
Na verdade o documento era um depoimento em que Elzilene confessava que estava na casa na hora do crime e que viu os outro quatro acusados matar as duas mulheres. Elziene disse que após sua irmã assinar, os delegados mandaram ela ler o documento enquanto eles gravavam um vídeo com o celular, “Eles me pediram para ficar ao lado dela na gravação e em seguida pegaram o papel assinado e disse ‘agora procurem um bom advogado’ e saíram da sala’; no dia seguinte, o referido depoimento e o vídeo estavam em todas as redes sociais e noticiários locais falando que minha irmã havia confessado, e os delegados nunca mais voltaram na minha casa” disse Euziene.
Juiz, promotores, jurados, advogados e populares que assistiam o julgamento ficaram perplexos com o relato.

Na verdade, até nesse momento os delegados ainda não tinham nenhuma prova contra os acusados e a confissão forjada, segundo Elziene, seria a forma que eles encontraram para sustentar os indiciamentos dos quatro acusados.

Horas antes, durante o depoimento do delegado Lúcio Flávio, ele já havia sido duramente contestado pela defesa, pelo fato dele ter ido ao presidio pegar tal assinatura da acusada sem a companhia do Ministério Público e do advogado de Elzilene.

No primeiro dia do julgamento os trabalhos se estenderam até a meia noite. Todas as testemunhas arroladas pela defesa e acusação foram ouvidas. Nenhum fato novo aconteceu, apenas a ratificação do que a defesa já vinha acusando, que não existem nenhuma prova contra os quatro acusados e que somente Ricardo Pereira matou as duas mulheres.

Nesta quinta feira (12) os trabalhos serão retomados às 9 hs com a oitiva dos acusados e em seguida a sustentação oral da defesa e acusação. (A Notícia Portal / Lourivan Gomes da redação)

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